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Padrão linguístico na mídia

 

     Quem nunca ouviu falar em pernambuquês?

     Vamos com calma, pois não queremos mudar o idioma português nem adotar um novo. Porém, se a identidade de um povo começa no idioma, e nós, pernambucanos, temos um dialeto que se distingue do considerado “português brasileiro” e do “português europeu”, por que não afirmar o “português pernambucano”?

     Existem dois padrões mundiais de escrita da língua portuguesa, que conhecemos. O primeiro é o português europeu (PT-PT) e o segundo é o português brasileiro (PT-BR). Ambos, apesar de serem compreensíveis para o pernambucano, não são o que realmente estamos acostumados a falar no dia a dia.

     Então, por que lemos de uma maneira e falamos de outra? A padronização do que é considerado português brasileiro é baseado no dialeto carioca com influência de outros estados do Sudeste. É só você lembrar a última vez que conseguiu ler algo do dialeto pernambucano em obras literárias nacionais. Você vai perceber que a intenção de unificar o idioma é uma tentativa de unificar os povos também. A união e a conexão com os outros povos são extremamente benéficas, até o ponto em que uma cultura começa a substituir a outra, fazendo com que um dos lados perca sua identidade.

     Por que não conseguimos encontrar em um livro alguém se referir à segunda pessoa como “tu” em um sentido de mais intimidade e “você” com um sentido de menos intimidade como no português brasileiro, como praticamos constantemente nas ruas? Por que cometemos preconceito contra nós mesmos, quando ouvimos um pernambucano falar na televisão achando aquele sotaque esquisito, mesmo ao ouvi-lo todos os dias? A razão disso é que não estamos acostumados com a nossa própria identidade através da perspectiva da mídia, e isso deveria ser mudado para o processo de fortalecimento de uma identidade.

     As mudanças podem ser consideradas benéficas. Não haveria mal nenhum em adotar uma maior exposição do dialeto pernambucano em rádio, televisão e outros meios de comunicação.

     Uma nação deve prezar pela sua identidade em todos os aspectos, e nada melhor do que a mídia para reforçar isso.

     Não é preciso a abolição de um sistema de escrita da língua portuguesa (PT-BR) dentro de um novo estado, porém, é considerável que haja a possibilidade da existência de um sistema de português pernambucano optativo para aqueles que desejarem enfatizar isso.

 

     Poderíamos chamá-lo de português pernambucano? Uma mistura de português europeu com influência do português brasileiro, com palavras oriundas do português arcaico e do galego? Poderíamos chamá-lo de PT-PE? Esse dialeto é hoje mais conhecido como dialeto recifense, usado não apenas em Recife, mas em toda a região metropolitana do Recife (com população estimada em 4.044.948 milhões de pessoas) e áreas vizinhas.

     São possibilidades, ideias, e não garantias, porém vale a pena pôr em discussão.

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